A esteatose hepática é comum no vírus da imunodeficiência humana (HIV)-vírus da hepatite C (HCV)-pacientes co-infectados. Alguns estudos recentes descobriram que o uso de cannabis está negativamente associado à resistência à insulina na população geral e em pacientes co-infectados pelo HIV-HCV. Dada a ligação causal entre resistência à insulina e esteatose, temos a hipótese de que o uso de cannabis tem um impacto positivo na esteatose. Por isso, pretendemos estudar se o uso de cannabis nessa população estava associado a um risco reduzido de esteatose, medido pelo exame de ultrassom. ANRS CO13-HEPAVIH é uma coorte multicêncente francesa de pacientes com HIV-HCV-co-infectados. Foram coletados dados médicos e sociosecicionais de consultas de acompanhamento clínico e questionários auto-administrados anualmente. Foi realizada uma análise transversal utilizando-se dados da primeira visita onde ambos os dados do exame de ultrassom para esteatose (diagnóstico positivo ou negativo) e dados sobre o uso da cannabis estavam disponíveis. Foi utilizado um modelo de regressão logística para avaliar a associação entre o uso da cannabis e a esteatose. Entre os pacientes da amostra do estudo (n = 838), 40,1% apresentaram esteatose. Quatorze por cento relataram uso diário de cannabis, 11,7% de uso regular e 74,7% de uso ocasional (“nunca ou às vezes”). O uso diário da cannabis foi associado independentemente à redução da prevalência de esteatose (razão de chances ajustada [IC 95%] = 0,64 [0,42;0,99]; P = 0,046), após ajuste para índice de massa corporal, consumo perigoso de álcool e uso atual ou vitalício de lamivudina/zidovudina. O uso diário da cannabis pode ser um fator protetor contra a esteatose em pacientes com hiv-HCV-co-infectados. Esses achados confirmam a necessidade de uma avaliação clínica das farmacoterapeias à base de cannabis nessa população.
Cannabis diária e risco reduzido de esteatose em pacientes com HIV e Hepatite C
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