A cannabis é cada vez mais prescrita clinicamente e utilizada por pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVCHA) para abordar sintomas da doença do HIV e para gerenciar efeitos colaterais da terapia antirretroviral (TARV). À luz das preocupações sobre o efeito possivelmente deletério do uso de drogas psicoativas na adesão à TARV, buscamos determinar a relação entre o uso de cannabis de alta intensidade e a adesão à TARV entre uma coorte recrutada pela comunidade de usuários de drogas ilícitas hiv-positivas. Utilizou-se dados do estudo ACCESS, um estudo prospectivo de coorte em curso de usuários de drogas ilícitas soropositivas do HIV vinculados a registros abrangentes de dispensação de TARV em um cenário de cuidados universais sem custo de HIV. Estimou a relação entre pelo menos o uso diário da cannabis nos últimos 6 meses, medida longitudinalmente, e a probabilidade de ótima adesão à TARV durante o mesmo período, utilizando um modelo de efeitos mistos lineares multivariados, contabilizando fatores sociodemográficos, comportamentais, clínicos e estruturais relevantes. De maio de 2005 a maio de 2012, 523 usuários de drogas ilícitas hiv-positivos foram recrutados e contribuíram com 2.430 entrevistas. Na linha de base, 121 (23,1 %) participantes relataram pelo menos o uso diário de cannabis. Nas análises bivariadas e multivariadas não observamos associação entre o uso da cannabis pelo menos diariamente e a adesão ideal ao HAART prescrito (Relação de Oddsa Ajustada = 1,12, 95 % Intervalo de Confiança [IC 95 %]: 0,76-1,64, valor p = 0,555.) O uso de cannabis de alta intensidade não foi associado à adesão à TARV. Esses achados sugerem que a cannabis pode ser utilizada pelo PVCHA para fins medicinais e recreativos sem comprometer a adesão efetiva à TARV.
Uso intenso de cannabis de e adesão à terapia antirretroviral entre pessoas que usam drogas ilícitas no contexto canadense
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