Contexto
A avaliação do uso de substâncias é um desafio em ambientes clínicos ocupados que podem afetar negativamente as pessoas infectadas pelo HIV. Este estudo teve como objetivo avaliar a concordância entre o prontuário médico e um questionário padronizado de triagem do uso de substâncias.
Método
Dos adultos (n = 1050) no atendimento ao HIV no Rio de Janeiro que completaram o Teste de Triagem de Álcool, Tabagismo e Envolvimento com Substâncias (ASSIST) da Organização Mundial da Saúde, selecionamos aleatoriamente 200 participantes para revisão de prontuários médicos. O uso vitalício de tabaco, álcool, maconha e cocaína entre o prontuário médico e o ASSIST foi avaliado utilizando-se estatísticas da Kappa. Também foram calculadas a sensibilidade e a especificidade das informações dos gráficos.
Resultados
A idade mediana foi de 42,4 anos, 60,3% eram homens e 49,5% brancos. A prevalência de uso vitalício relatada no ASSIST foi de 55,3% (tabaco), 79,4% (álcool), 23,1% (maconha) e 20,7% (cocaína). Qualquer informação sobre o uso vitalício foi encontrada no prontuário para tabaco (n = 180, 90,5%), álcool (n = 183, 92,0%), maconha (n = 143, 71,8%) e cocaína (n = 151, 75,9%). A estatística, sensibilidade e especificidade do gráfico médico kappa identificando com precisão os usuários de substâncias ao longo da vida por ASSISTÊNCIA foram, respectivamente, 0,60, 0,71 e 0,91 para tabaco; 0,22, 0,75 e 0,51 para álcool; 0,58, 0,51 e 0,98 para maconha; e 0,73, 0,75 e 0,96 para cocaína.
Conclusão
Considerando as imprecisões no prontuário, recomenda-se a implementação de um breve e padronizado rastreamento do uso de substâncias nos ambientes de atenção ao HIV.